Por que será que a vida vive esfregando suas fraquezas nas fuças da gente???
De novo sábado... E de novo eu na frente de um papel em branco... Ta legal, o papel é virtual, mas a vida é cheia de metáforas e falar de papel em branco é mais poético do que tela em branco!
Como bem sei que se a gente não dá bola às idéias e aos devaneios, eles dormem e, às vezes, nunca mais acordam - ficando na cabeça e no coração aquele vazio danado de quem perdeu alguma coisa importante - resolvi escrever.
Nem sei que horas são, mas senti uma enorme necessidade de contar o que senti, neste curto espaço de tempo entre o térreo e o sexto andar... No minuto em que a vi entrando no carro do pai, sorrindo para mim de forma cúmplice, sorri de volta como a dizer: "escolha divertir-se, ao invés de importunar-se com a presença de sua madrasta". Pela primeira vez, senti que ela me entendeu!!!
Também pela primeira vez, eu acho, não tive medo ou mágoa... Não sei se a dor não deixa espaço para outros sentimentos; não sei se uma companhia superior toma conta da gente neste momento, só sei que não há nada... há vazio!
Sinto-me agora como uma velejadora (estabeleço esta comparação com base em uma amiga que pratica o esporte e um dia me falou sobre isso). Há um momento em que o vento sopra forte e nos leva certo e seguro para uma única direção... mas, de repente, ele muda. Porém, antes desta virada, existe um curto espaço de tempo em que não há vento algum. Ficamos simplesmente parados, à deriva, rezando para que este momento passe e que logo,logo o vento volte a soprar, dando-nos rumo e direcionamento... Assim estou agora! Na paradeira do vento, esperando a nova direção.
Construí minha vida com base em apenas uma obscessão: ir fundo nas coisas e pessoas e tentar observar os detalhes... Sempre gostei disso. Ver um pouquinho além, observar trejeitos, tentar ler nas entrelinhas, tudo isso faz com que eu venha escrevendo minha história com um pouco mais de sabor - e até com um pouco mais de dor, quem sabe?!- Se os outros não perceberam ou não leram, azar.
Acho que ainda tenho um pouco daquela jornalista que se formou dentro de mim, afinal de contas, somos historiadores que observam e contam a história enquanto ela acontece... A diferença, comigo, é que nunca contei as histórias de outras pessoas, o que não me impediu de observá-las enquanto aconteciam...
Ainda que eu não saiba exatamente o que acontecerá, percebi (neste curto espaço de tempo, entre o térreo e o sexto andar) que estarei preparada para observar. Me agrada muito a idéia de, sendo mais atenta, poder ser também mais distraída.
Por isso, caso passe por vocês na rua com algum olhar distante na cara, peço que me interrompam e me chamem... Como quero ver tudo, pode ser que eu esteja olhando para mim mesma!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário