domingo, 23 de outubro de 2011

filosofando no Ocidente ...

Ontem almocei no Bar Ocidente ... conhecido por seu estilo alternativo e suas festas temáticas, como a balonée, além é claro dos famosos Ocidente Acústico e Sarau Elétrico.

Impossível, porém, não comentar a respeito dos almoços de sábado, quando as 'aves vegetarianas de porto alegre' literalmente migram para o bar no Bom Fim, em busca daquela comidinha natural, com ênfase nos pratos 'lactovegetarianos' com um toque hindu, regados a temperos pra lá de especiais e aromáticos!!!

Não pretendo aqui comentar esta experiência gastronômica, mas deixo a dica para aqueles que ainda não a tenham, que a busquem! Podem se surpreender...

O que realmente me faz tornar a experiência de ontem um texto neste blog, tem a ver com o fato de ter levado minha filha, Luisa, pela primeira vez ao Ocidente!

Percebe-la num local que conta tanto minha história (e por que não dizer também a de seu pai) e de toda minha geração, foi muito especial. Me fez refletir a respeito da continuidade da vida, olhando sob o aspecto de que mesmo quando tudo passa (inclusive nós mesmos), ainda permanecem os valores, ainda é possível que se veja brotar nos que nos sucedem, um pouco de nós mesmos.

E isso é muito bacana! É como se, através dos novos 'olhos' que surgem, aquilo que nos foi um dia importante ainda permanecesse...Vi isso quando olhei para os olhos da Luisa! Uma percepção totalmente nova sobre a 'velha' casa rosa, descascada pelo tempo e pelo desejo de permanecer ... Vi isso quando ela olhou para o velho 'globo' de luzes no teto e sorriu, como eu mesma um dia fiz, ao entrar ali pela primeira vez!!!

Vi também, que o mesmo olhar pode ser ao mesmo tempo, tão diferente, quando ela, ao provar a comidinha que tanto adoro, fez a maior 'careta' de quem se surpreende com um paladar tão avesso ao seu próprio... (ahahahah)....

Por fim, filosofei um pouco em silêncio, percebendo o quanto passado e presente se fundiam, inaugurando um novo olhar, uma nova perspectiva da qual não pude deixar de sonhar... eu e minha filha, num futuro não muito distante, juntas em uma das muitas 'balonées' do bom e velho Bar Ocidente!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

reflexões II

hoje estou assim... como dizer... feito um cachorro que caiu da mudança, sabe?!... só que caí aqui em Salvador, de onde escrevo pra me distrair. sem nenhum compromisso com pauta, tema central ou proposta de reflexão, acho que escrevo para me entender... olhei salvador e, como acontece toda vez em que chego a alguma cidade em que já estive, procuro vê-la como se fosse a primeira vez!
me senti chegando em casa. afinal, me esperava uma chuva fina e 'guasqueada' (como diria minha avó), um vento que quase lembrava o vento sul e um céu carregado de nuvens pesadas... muito semelhante ao céu do inverno gaúcho! entretanto, havia, claro, aquele ar mais quente e denso, com jeito de nordeste que nunca faz com que pareça estarmos em alguma outra estação que não no próprio verão.
ao ultrapassar as enormes avenidas movimentadas e ainda um pouco engarrafadas da capital baiana, me senti muito sozinha, apesar das presenças físicas de minha chefe e do motorista de táxi... especialmente quando ela, minha chefe, me perguntou: "quer ligar para alguém para avisar que tu chegastes, Jacqueline?" e imediatamente me ouvi respondendo, "não precisa, Beth, obrigada"!
dei-me conta neste breve diálogo do quanto tanto faz onde eu esteja, sempre vou sentir que por mim não espera ninguém.
claro que poderia avisar a minha filha, meus pais, irmão ou até uma amiga... ou duas... mas com esse inusitado comentário, me apercebi de que tenho um pacto (talvez comigo mesma) de raramente dizer como estou, se cheguei, se não cheguei, se estou bem, se não tanto, se preciso de ajuda, ou não... de fato, cheguei a salvador pensando mesmo em como minha independência tornou-me solitária. e o quanto nunca havia refletido sobre isso...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

que me perdoem os que curtem ver a noite se atrasar... mas eu ODEIO HORÁRIO DE VERÃO!!!

Incrível essa coisa de horário de verão... dificilmente conheci algo que me pareceu tão despropositado, tão paradoxal e tão sem sentido...

despropositado porque, primeiramente, não começa no verão e, sim, na tênue primavera, que se não olhássemos para aqueles canteiros coloridos inventados pelos homens e considerássemos estas últimas noites, realmente poderia se pensar que continuamos no inverno!

paradoxal, pela própria contradição de iniciar fora do verão e terminar muito antes do referido acabar!

e, finalmente, sem sentido, porque ao que sei, seu maior benefício seria o de economia de energia, com um melhor aproveitamento da luz solar que se estenderia até um bom pedaço da noite... o que, de fato, não sei se um simples gesto de apagar as luzes de um prédio público inteiro, após um dia de expediente, não seria bem mais sensato (ao contrário do que muitas vezes vejo, quando olho para alguns prédios aqui no centro)...

... neste momento, me dou conta que nenhum horário de verão será capaz de alterar o comportamento desmedido e despreocupado da maioria das 'gentes' que, salvo algumas poucas excessões, realmente estão nem aí para esta atitude que, a longo prazo, poderá até ajudar a salvar o planeta... sustentabilidade!!!

em que pesem todos os fatores favoráveis desta iniciativa, ainda assim, como verdadeira amante da noite que sou, não gosto de vê-la 'economizada' desta forma!

sempre vou preferir sair para um happy ao anoitecer e não no meio de uma tarde se fingindo de verão... sempre vou ter a sensação de estar sendo 'roubada' em uma hora (preciosa de sono) quando meu relógio tocar tradicionalmente às seis e quinze e eu tiver certeza (pela biologia de meu ser)que ainda são apenas cinco e quinze da matina!!!

e, por último, sempre dormirei com a sensação de que minha noite foi muita curta, porque ainda não fiz nada do que queria fazer e já tenho que dormir porque amanhã preciso madrugar!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

descobertas que vêm do 'estômago' !

A estas alturas da minha vida (posso dizer que já estou em ‘la mitad de mí carretera’) o certo é que quase nenhum sintoma ou percepção a cerca dos sinais que meu corpo possa apresentar, desperta realmente alguma surpresa.
Sob esta perspectiva posso dizer que reconheço quando meu estômago começa a me sinalizar que algo não vai bem... ele está literalmente ‘ardendo’ desde o início desta semana, com algumas variações para nauseamento e dor de forma permanente!
Meu gastro diria que estou novamente sendo atacada pelo Helicobacter Pilori... este tão familiar ‘bichinho’ que me acompanha desde a juventude e que tanto mal já tem causado ao velho órgão presente no tubo digestivo, situado logo abaixo de meu diafragma, mais precisamente entre o esôfago e o duodeno, responsável pela digestão e esterilização dos alimentos, antes que os mesmos sigam seu caminho natural até os intestinos, onde finalmente são absorvidos!
... Ufa.. toda esta pequena aula de anatomia serve apenas para explicar o quão familiarizada já estou com meu estômago e seus sinais a respeito de mim mesma. De fato, aprendi a combater meus supostos ‘inimigos’ internos, apelidados carinhosamente de h.pilori, desde que os descobri, há cerca de pelo menos cinco anos. “Exterminá-los” - foi a decisão radical de meu médico. Para isso, muita medicação e uma dieta radical contra todos os enlatados, embutidos, fermentados, além dos cafés, maltes e álcool em geral.
Esta foi, sem dúvida, a pior parte do tratamento. Afastar-me, ainda que temporariamente, daqueles tão conhecidos ‘amigos’ e muitas vezes, únicos companheiros nas horas de solidão! Mas, era eu ou eles, então fiz a escolha racional de priorizar minha saúde... os Exterminei...
... apenas para alguns meses depois, em mais uma sessão ‘endoscopia e eu’, vir a descobrir que por mais que me cuidasse, que administrasse medicações, lavasse as folhas verdes cruas das saladas e não consumisse nenhuma salsicha ou gota de café ou álcool, lá estariam todos eles de novo!!!
Assim, desisti!
Depois da terceira ou quarta endoscopia, deixei o gastro para lá e decidi, pela razão, passar a não dar nenhuma importância aos meus inimigos, acreditando que desta maneira, ignorando-os, eu os estaria afastando (mais ou menos como geralmente faço com algumas pessoas que conheci).
De fato, vi uma melhora clínica significativa, que durou até algumas semanas atrás.... quando de novo alguns daqueles velhos sintomas voltaram a me atacar!
Claro que pensei em correr ao gastro e retomar os velhos tratamentos de combate aos meus inimigos internos. Porém, antes, resolvi olhar para a coisa de uma forma, digamos assim, mais holística! E o que venho descobrindo a partir deste novo olhar não tem exatamente me surpreendido, mas causaria, com certeza, um enorme estranhamento nas crenças e paradigmas do pobre Dr. Morales (que ele não leia este blog) !!!
Ao olhar para meu estômago, não apenas como aquele órgão descrito no terceiro parágrafo deste texto e, sim como uma parte integrante de um ser ‘uno’, indivisível, composto não apenas de carne, veias, sangue, músculos e células, percebi o quanto tudo que habita este mesmo ser, tem absolutamente tudo a ver com tudo. Explico.
Se deixarmos de nos olhar pelo paradigma de ‘partes’ separadas do todo - Rins. Fígado. Coração. Pulmão. Estômago - passaremos a ver a totalidade. Compreenderemos nossa realidade e nosso corpo como um todo integrado, cósmico, onde os elementos participam de uma dança complexa de inter-relação e correlação permanentes, entre si e com o todo, onde a ‘parte está no todo, assim como o todo está na parte’.
E, a partir desta abordagem mais holística, onde o estômago passa a ser apenas um ‘personagem’ num enorme elenco inter-relacional em meu corpo, em meu ser universal, posso compreender que o que o atinge é, sem dúvida, muito maior do que meus pequenos inimigos originais (as bactérias ‘h.pilori’)... talvez o que realmente afete este meu órgão mais fragilizado neste momento, tenha a ver com algumas histórias não engolidas, ou mal-digeridas, cujo canal de energia ainda não aprendeu seu fluxo de liberação.
Talvez o mal não esteja nele (estômago) e sim no coração, na alma, na mente; na parte de mim que ainda não aprendeu a perdoar...
A partir deste novo conhecimento, deste novo olhar, passarei a levar em consideração muito mais o diálogo entre partes em mim do que as pílulas supostamente infalíveis do Dr. Gastro ou às alfaces que tenho esquecido de lavar!!!

Consegue ver rostos nesta árvore??? Quantos ???

domingo, 9 de outubro de 2011

Olhar 'para o outro' ou 'como o outro' ???

Após a visita de minha querida amiga Isabel neste fim-de semana, me trazendo suas novidades e as de seu netinho Guilherme, bem como a 'virada' de sua vida (como ela mesma me relatou) transformando-a numa espécie de 'vó cuidadora' passando assim a viver de uma forma muito diferente da que vivia até então, estive pensando: afinal o que move o homem??? Homem como espécie, quero deixar claro.

Segundo Schopenhauer, o que move o homem, e por que não dizer o mundo, é algo definido como vontade.Algo que vem antes mesmo da razão. Analogicamente falando, talvez pudesse aqui também lembrar que para Freud, o que ele acreditava mover o homem era algo que denominou 'pulsão sexual' ou apenas 'impulsos'(de vida ou de morte). Algo bastante complexo de aqui explicitar, mas que todos podemos conhecer através de uma ferramenta mágica, chamada GOOGLE!

O que quero aqui divagar é que, ao que sabemos, este 'impulso' por crescer, se desenvolver, morrer é parte de tudo no universo, até mesmo nas plantas, nos animais ou nas células. Basta estar vivo! E a essa vontade, impulso, desejo, é o que aqui reconheço, chamamos Vida.

O que me faz realmente prestar atenção é que façamos nós qualquer força individual - ou não - ainda assim estaremos crescendo, nos desenvolvendo, morrendo. Cada célula neste universo tem somente esta preocupação. E, para que continue a vida, a partir deste ponto de vista - há naturalmente uma guerra interna e, por vezes, velada, ao qual chamamos de competição, mas que gostaria de chamar aqui apenas de 'auto-preservação'... me questiono algumas vezes do quanto esta força que definitivamente tenho visto mover o mundo tem, efetivamente, o poder de fazer bem.

Talvez estivesse me contradizendo se não admitisse esta força como uma espécie de possibilidade de preservação da vida no planeta, mas será que é a única??? Me questiono o tempo inteiro se não é, exatamente na mão contrária - quando o homem consegue se 'desaliançar' deste contexto de impulso, desejo, vontade; que ele chega mais perto de proteger sua espécie?

Falo aqui de uma outra força que também observo existir na espécie humana, mas que poucas, raras vezes consigo diagnosticar... falo aqui de uma palavra muito usada, mas poucas vezes vivenciada de fato: a Empatia - que me permito aqui colocar na mesma categoria da Compaixão.

Afinal, empatia não é mesmo a capacidade que um homem possui de se colocar no lugar de outro homem? E a compaixão? Não seria a mesma coisa? Não seria a compaixão o 'sentir como o outro sente' e, a partir disso esquecer, ainda que momentaneamente, de si mesmo? Dos seus próprios problemas? De seu próprio mundo? Daquilo ao qual a psicanálise denomina de 'ego'?

E neste movimento contraditório ao impulso original de crescimento na natureza - aquele que atua como uma vontade, uma pulsão, originada antes da consciência e que determina a evolução de qualquer espécie viva (numa busca incessante do ego por existir, crescer, se desenvolver, morrer)- percebo que pode existir aí alguma possibilidade de crescermos efetivamente como coletividade !!!

Longe de mim preconizar aqui uma guerra contra o 'ego', este tão estruturante personagem da civilização humana. O que gostaria apenas é de levantar algumas reflexões a cerca de olharmos para a vida, não apenas sob o ponto de vista individual.

Gostaria de abrir, não fechar, uma perspectiva sob a qual o homem pare de se preocupar apenas com seu próprio umbigo, seu próprio querer, sua própria vontade, seu próprio impulso e passe, ainda que por breves instantes, a ocupar-se conscientemente do querer do outro, do necessitar do outro, da vontade do outro.

Penso, e apenas penso, que como exercício, esta nova percepção sobre o outro poderia produzir algo realmente novo, algo em que poderíamos sair de nosso mundo e penetrar muitos outros mundos, ampliando , desta forma, nosso próprio ser e, quem sabe, ampliando nosso mundo individual, nos transformamos como 'espécie' em seres ainda mais fortes ...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A espera ...

entre minhas múltiplas atividades profissionais, me deparei com uma específica, que na maioria das ocasiões me cansa e frustra profundamente... esperar!
me dei conta disso hoje, enquanto, sentada no aeroporto de porto alegre, via os segundos, os minutos e, por que não exagerar?!, as horas se passarem enquanto eu ali, sem ter muito a fazer, exceto esperar o avião (atrasado) chegar, trazendo um de meus consultores para realizar um curso nesta mesma tarde.

enquanto mirava o relógio e tentava me distrair com o fluxo pequeno de gente indo e vindo, entrando e saindo, esperando pacientemente ou não por seus próprios 'consultores' , amores, gente que lhes interessava, bem mais do que a mim; fui me dando conta do quanto minha mente inquieta tem também um sutil efeito sobre meu corpo.

ainda em estado de observação me pus a perceber meus sentidos (será isso já reflexo da yoga?) após aqueles primeiros quinze minutos de espera... Sim! É aí que quero chegar... no quanto a maioria das situações apenas passam a nos importar, seja para o bem ou para o mal, somente a partir de tomarmos consciência dela.

e, naturalmente, esta experiência me fez perceber que meu 'time' para ficar consciente das coisas levam exatos quinze minutos... é este geralmente o tempo que preciso para me sentir completamente a vontade ou totalmente desconfortável em qualquer situação.

no entanto, o bacana deste exercício de ser 'blogueira'(um outro aspecto meu que não tenho mais buscado interromper)é a possibilidade de transformar tudo - tudo mesmo - em percepção atilada e, por consequência, em textos sobre elas.

o que realmente tenho percebido é que onde antes haveria , com certeza, 'indignação'(porque continuo detestando esperar), 'irritação'(porque as companhias aéreas tem mesmo este poder)e, consequentemente sudorese seguida de palpitação cardíaca (baseada na natural pré-ocupaçãocom o que poderia estar começando a dar errado), o que surge agora é outra coisa.

e esta nova coisa poderia se traduzir em 'estar no presente', aproveitar cada segundo, cada minuto e cada nova hora para apenas estar ali, observar, relatar, me distrair!!!

pode ser que esteja eu mesma ficando mais irresponsável, mais maluca, mais solta, até (por que não?) mais inconsequente. mas, ao longo deste tempo, tenho aprendido a 'curtir' mais as sensações que determinadas situações como A ESPERA tem produzido em meu corpo e mente. e, a partir deste novo bem-estar inexplicável que uma ou duas horas de espera tem me proporcionado - ao contrário do caos anteriormente vivenciado, o único que posso deduzir é que, Sim, não há como controlar o que ocorre fora de nós... mas é comigo, e apenas comigo, o que posso produzir de sentimentos a cerca do que me ocorre, aleatoriamente ou não !

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

é primavera, e eu distraída, nem percebi!


puxa... acabei de me dar conta de que estamos na tão esperada primavera! esperada por nós, aqui do sul, me atrevo a generalizar, mais do que talvez pelo resto do Brasil... e eu, onde estava que nem percebi???

de fato há alguns dias - durante aqueles minutos entre o final da tarde e o início da noite - algo já se modificava ao redor e eu, distraída, ia apenas sutilmente percebendo...

apenas hoje, na saída de meu rotineiro trabalho, a caminhar por entre os canteiros (por meses e meses apenas verdes e molhados) me dei conta de que algo mudara... estavam verdes, sim, mas com muito mais brilho. há canteiros também, floridos e coloridos (não sem a ajuda de mãos humanas) mas muito diferentes do monocromático tapete esverdeado cujas retinas já haviam se acostumado.

a verdadeira percepção consciente veio com um breve levantar de olhos, quando de repente notei a pequena e tímida árvore no estacionamento, que há pouco estava nua diante de meus olhos; e agora, totalmente coberta - mais do que isso - totalmente cor-de-rosa!

com esta percepção distraída cheguei a suspirar!!!

e algo aqui dentro sussurrou, enfim, terminou o inverno!?!?!

será que meu inverno particular, que tem atravessado anos e anos, também está anunciando uma primavera aqui dentro???

quero crer que da mesma forma que a beleza das cores e tonalidades inundam o céu de outubro, trazendo mais viço às plantas e flores, mais vida aos jardins, também esteja aflorando em mim, com a certeza de que todo o inverno , por mais frio, cinza e nebuloso que seja, um dia há de acabar!!! (não pra sempre, afinal, o inverno tem seu charme)

domingo, 2 de outubro de 2011

Um conto chinês

Quero compartilhar a sensação de sair de uma sala de cinema totalmente diferente do que se entrou... Assim me passou com esta película, que tive o privilégio de assistir ao lado das amigas Ana e Márcia... assistir talvez não seja o termo correto... experienciar me parece bem mais adequado! Sim! A experiência de se deparar com uma história 'parcialmente absurda', pra não dizer surreal, com a boa capacidade de fazer rir e se emocionar, fizeram desta última produção hispano-argentina, um filme muito peculiar!

Da história de "Um Conto Chinês” não quero contar, uma vez que o que desejo aqui é despertar a vontade de que outros o possam olhar!

Posso porém dizer de mim... do quanto me tocou profundamente perceber o quanto a vida pode realmente se tornar um 'mero acaso', quando consumidos pela rotina não nos apercebemos de que um dia é simplesmente seguido pelo outro, sem que, de fato, estejamos vivendo... e do quanto esta mesma vida, que em muitos momentos parece não mais fazer nenhum sentido pode, pelo simples poder do próprio acaso, nos colocar frente a frente com o inusitado, para, a partir disso, nos colocar em marcha novamente.

Que Deus abençoe o acaso ! E o cinema pode ser um veículo deste...

sábado, 1 de outubro de 2011

Algumas reflexões...

Por que será que a vida vive esfregando suas fraquezas nas fuças da gente???

De novo sábado... E de novo eu na frente de um papel em branco... Ta legal, o papel é virtual, mas a vida é cheia de metáforas e falar de papel em branco é mais poético do que tela em branco!

Como bem sei que se a gente não dá bola às idéias e aos devaneios, eles dormem e, às vezes, nunca mais acordam - ficando na cabeça e no coração aquele vazio danado de quem perdeu alguma coisa importante - resolvi escrever.

Nem sei que horas são, mas senti uma enorme necessidade de contar o que senti, neste curto espaço de tempo entre o térreo e o sexto andar... No minuto em que a vi entrando no carro do pai, sorrindo para mim de forma cúmplice, sorri de volta como a dizer: "escolha divertir-se, ao invés de importunar-se com a presença de sua madrasta". Pela primeira vez, senti que ela me entendeu!!!

Também pela primeira vez, eu acho, não tive medo ou mágoa... Não sei se a dor não deixa espaço para outros sentimentos; não sei se uma companhia superior toma conta da gente neste momento, só sei que não há nada... há vazio!

Sinto-me agora como uma velejadora (estabeleço esta comparação com base em uma amiga que pratica o esporte e um dia me falou sobre isso). Há um momento em que o vento sopra forte e nos leva certo e seguro para uma única direção... mas, de repente, ele muda. Porém, antes desta virada, existe um curto espaço de tempo em que não há vento algum. Ficamos simplesmente parados, à deriva, rezando para que este momento passe e que logo,logo o vento volte a soprar, dando-nos rumo e direcionamento... Assim estou agora! Na paradeira do vento, esperando a nova direção.

Construí minha vida com base em apenas uma obscessão: ir fundo nas coisas e pessoas e tentar observar os detalhes... Sempre gostei disso. Ver um pouquinho além, observar trejeitos, tentar ler nas entrelinhas, tudo isso faz com que eu venha escrevendo minha história com um pouco mais de sabor - e até com um pouco mais de dor, quem sabe?!- Se os outros não perceberam ou não leram, azar.

Acho que ainda tenho um pouco daquela jornalista que se formou dentro de mim, afinal de contas, somos historiadores que observam e contam a história enquanto ela acontece... A diferença, comigo, é que nunca contei as histórias de outras pessoas, o que não me impediu de observá-las enquanto aconteciam...

Ainda que eu não saiba exatamente o que acontecerá, percebi (neste curto espaço de tempo, entre o térreo e o sexto andar) que estarei preparada para observar. Me agrada muito a idéia de, sendo mais atenta, poder ser também mais distraída.

Por isso, caso passe por vocês na rua com algum olhar distante na cara, peço que me interrompam e me chamem... Como quero ver tudo, pode ser que eu esteja olhando para mim mesma!!!