quarta-feira, 16 de novembro de 2011

construir pontes e não muros... o desafio da educação e da aprendizagem

Sempre me entusiasma ouvir pensadores e realizadores como o educador português José Pacheco, que também esteve no Congresso de Inovação, contando como é sua 'Escola da Ponte', em Portugal. Um lugar em que não há turmas e onde um sistema baseado em 'seriação ou ciclos' não tem nenhum sentido.

Jose Pacheco traz a ideia - que já nem é tão inovadora - de que um sujeito que quer inovar deve ter mais interrogações do que certezas... por isso, desafiou o público de um congresso que pretendia discutir temas da Inovação com sua didática ao 'revés', questionando todo um sistema educacional - e os sistemas em geral - a pensarem fora de seus muros!

Fiquei imaginando esse lugar. Um local que já funciona efetivamente há 30 anos, onde professores não são responsáveis por uma disciplina ou por uma turma específica e que, apesar de fazer parte da rede pública portuguesa, em nada se parece com as demais instituições de educação daquele ou deste país.

Enquanto o ouvia, entusiasmado, contar sobre um esquema educacional em que as crianças e os adolescentes (muitos deles violentos, transferidos de outras instituições) definiam quais suas áreas de interesse, para a partir deles, desenvolverem projetos de pesquisa, tanto em grupo como individuais; confesso que enchi meu coração de esperança sobre as questões de educação e aprendizagem.

Não que a própria Escola da Ponte surja, em si, como um tema novo!

Não que eu tenha passado a acreditar que um sistema tão centrado no interesse das pessoas, possa, de alguma maneira, mostrar-se viável em nossa sociedade sistemista e burocratizada...

Mas sim, posso dizer que ouço com algum 'respiro' quando alguém atravessa o oceano, convidado por um Sistema de Defesa da Indústria brasileira, para, no mínimo, expor suas práticas e desafiar-nos a pensar um pouquinho além de nosso quadrado!!!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

será que aprendemos?

Hoje, uma segunda pré-feriado e, principalmente, pré-Congresso" configurou-se especialmente por seu clima de tensão... senti durante vários momentos do dia uma atmosfera pesada no ar, como se estivéssemos todos sentados sobre 'granadas' prestes a explodir... o entra e sai, o semblante tenso dos colegas, fornecedores e afins e a nossa (talvez a minha) perspectiva de que estamos na eminência de algum grande 'engano', ajudam na percepção deste diagnóstico.

O que sobrou foi baixar a cabeça e buscar o que fazer, como contribuir, o quanto ajudar, sem tentar parecer 'intrusa' ou me arriscar a pisar em algumas daquelas granadas imaginárias!!!

Antes mesmo das onze horas da manhã já havia escutado - a despeito de meus fones de ouvido e do The Smiths" que me acompanharam boa parte desta segunda - pelo menos meia dúzia de reclamações a respeito de erros ou acontecimentos inusitados ou, ao contrário, 'não' acontecimentos esperados a esta altura do campeonato.

A reflexão que me vem deste olhar sobre o dia de hoje, versa sobre um mundo que quanto mais convivo e observo, mais percebo que não consigo inferir. Olho, e apenas olho, para a forma como são conduzidas as coisas e penso (como não poderia deixar de ser) no quanto já poderíamos ter realmente aprendido nestes quatro anos de realização deste congresso. Ainda assim, vejo que pouco foi realmente aprendido e aproveito para fazer uma reflexão a cerca do quanto as organizações, as corporações, as instituições, os ambientes políticos em geral, tem, de fato, capacidade de aprendizagem. O quanto elas querem aprender; o quanto tem a humildade inerente de quem gosta de aprender.

Minha trajetória por instituições, empresas, organizações sociais, não é das mais extensas, porém quase suficiente para me ensinar que, na grande maioria dos lugares, o que vi são pessoas cheias do que considero 'saber colateral' - um saber que advém de muita informação, conhecimento, mas pouca capacidade de realizar os 'links' necessários ao aprendizado propriamente dito. As conexões. As reflexões. Em minha opinião, se 'aprende verdadeiramente' quando se tem tempo para organizar o apreendido, juntando-o com o que foi ouvido e praticando algo novo do realizado anteriormente.

Se 'aprende verdadeiramente' quando se pára de achar isso ou aquilo, de se deduzir por conta própria, ou a partir do próprio umbigo.

Aprendemos, de verdade, quando criticamos aquilo que fazemos, não para justificar nosso fazer ou ainda para achar os culpados; mas sim, para aceitar de boa vontade nossos erros e os dos outros, como professores e guias em nossos acertos do futuro.

domingo, 13 de novembro de 2011

coisas da adolescência...

"eu amava e como amava algum cantor,

de qualquer clichê, de cabaré, de lua e flor ...

eu sonhava como a feia na vitrine, como carta que se assina em vão,

eu amava e como amava um sonhador, sem saber porque

e amava ter no coração,

a certeza ventilada de poesia, de que o dia amanhece não,

eu amava e como amava um pescador,

que se encanta mais com a rede que com o mar,

eu amava como jamais poderia se soubesse

como te encontrar !!!" (simplesmente Oswaldo Montenegro)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Saudade

Essa é mesmo uma palavra que conheço bem. Muito já escrevi sobre ela, em velhas cartas, velhos emails, velhos textos que dormem esquecidos nas gavetas por aqui. Sei que é uma palavra que só existe na nossa língua! Ao que sei, 'saudade' não se diz em mais nenhum outro lugar. Mas que se sente, ah, isso certamente sim !!!

Gostava de dize-la em espanhol castelhano, aprendido na cidade de Salamanca, quando há mais de dez anos, fui até lá conhecer e viver o idioma... E foi lá, na pequena e mais cosmopolita cidade da Espanha que aprendi que em espanhol 'echamos mucho de menos' quando estamos sentindo falta de alguém que queremos muito... também me encanta muito a maneira uruguaia de dizer que 'te extraño mucho' para aqueles a quem, provavelmente, sentiremos muita falta!

No inglês ainda encontraremos a menos romântica, mas igualmente forte frase: "I miss you so much" , para substituir a pequena e forte palavrinha portuguesa intitulada apenas 'Saudade'...

Poderia citá-la aqui em francês, em holandês, em chinês... se soubesse como é, claro, mas o que quero mesmo falar sobre a saudade não vem da boca e, sim, do coração.

Saudade é o que provavelmente tem me mantido acordada até esta hora nas últimas noites e também o que me desperta muitas vezes, em plena madrugada, em sonhos inconscientes que teimam em me contar o que o consciente já esqueceu... será?

Saudade é o que ainda me faz ler e reler emails, ainda escrevê-los, buscar referências novas, com base em teses antigas.

Saudade é uma espécie de solidão acompanhada!
Uma forma de vivermos paralelamente pendurada em dois mundos, o do aqui e o de ontem.

Olhando assim, parece triste. Mas não será muito mais triste, simplesmente não se sentir, saudade?!?!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A palavra ...

Tenho de fato verdadeiro fascínio pelas palavras... e creio que elas me chamam, me gritam, me movem, sempre foi assim. As uso, livremente, de forma a comunicar-me, a agredir, a afagar, a transgredir, a cooperar... Nunca, no entanto, me dera conta de que a palavra é verdadeiramente 'processo' em mim. Até outro dia (recente) em que reencontrei meu ex-colega de segundo grau e algo que ele me disse (ou digitou) ficou ecoando em minha mente até agora. Me disse que lá atrás, quando tínhamos os dois provavelmente catorze ou quinze anos, ele (com memória muito superior à minha) costumava prestar atenção nas minhas 'palavras' escritas então nas 'orelhas' dos cadernos e livros, nos meus improváveis textos adolescentes e confessou-me que, a partir deste olhar para minhas então 'recentes palavras', passou, ele próprio, a escrever de "forma diferente" - como me relatou!
Tal comentário claro que me envaideceu. Nunca imaginara sequer que algum dia alguém pudesse lembrar-se de que tinha mesmo essa mania de escrever tudo o que via e tudo o que sentia. Mas, além de envaidecer-me, despertou algo mais. Despertou a consciência para algo que não havia colocado grau de importância... o fato de que minhas palavras, ao menos naquela época, serviram de influência para que outra pessoa, também pudesse ter arrancado de dentro de si, seus próprios sentimentos.
E é esse novo 'olhar sobre a influência da palavra' em minha vida que chamo de 'processo', pois dei-me conta aqui que se para alguns "Navegar é preciso, viver não é preciso", para mim "Viver não é preciso e escrever, é essencial" !

sábado, 5 de novembro de 2011

o que valeu a pena hoje ... ou o que anda valendo a pena ultimamente ?

Não tenho bem certeza se foi da Martha Medeiros (ou de outro autor) que li, certa vez, um texto com este título... seja como for, hoje senti que poderia eu me atrever a discorrer sobre o tema. Em uma das crônicas de seu livro "O Amor não Acaba", Paulo Mendes Campos, diz que 'devemos nos empenhar em não deixar o dia partir inutilmente'... lido assim, parece-me que este deveria ser sempre o nosso lema! Mesmo com cara de frase de 'auto-ajuda' ou até meio piegas, ainda assim observo o quanto não é comum nosso esforço neste sentido.

Quantas e quantas vezes acordar, trabalhar, estudar, comer, ir, vir, chegar, partir, pagar contas e tantas outras mazelas que fazem parte da rotina, embaçam nossa percepção e nos distrai do que é realmente essencial... e, se de verdade procurarmos, sempre poderemos encontrar alguma coisa... ou ainda, ressignificar algumas coisas!

Baseada nessa premissa é que tenho procurado olhar meus dias ultimamente... dias comuns, onde aparentemente nada acontece... e que são, tenho que ser franca, a maioria esmagadora em minha vida. Por esta razão, se não observar os detalhes, buscando encontrar valor fora dos grandes acontecimentos (como ganhar na loteria, ou um aumento de salário, ou ainda comprar um carro novo ou encontrar o amor de nossas vidas)o que realmente tem me feito vibrar, são mesmo as pequenas coisas, os pequenos acontecimentos ou, como diria meu ex-marido, os 'micro-prazeres' !!!

Um telefonema... Um filme... Um reencontro de muitos anos ... algo que surge assim, sem aviso, e que passa a dar outro ritmo, sabor e cor aos meus dias comuns.

Nas últimas semanas, o que não faltaram foram os detalhes... e quantos detalhes !!! A quinta-feira de meu aniversário foi brindada com a deliciosa surpresa de assistir a um inacreditável show de jazz num lugar pitoresco de São Paulo, denominado 'Jazz nos Fundos'...

Já a quarta do feriado valeu simplesmente pelo momento em que fui buscar minha filha em frente ao colégio, voltando de sua própria viagem a São Paulo com seu grupo do futebol. Vê-la chegar bem, inteirinha, feliz e rouca de tanto expressar seu contentamento com a experiência, foi o que me valeu naquela quarta-feira.

Já a última quinta, valeu pelo reencontro com alguns amigos (leais e constantes) que vieram para a 'ceva' e o abraço, comemorar comigo a passagem para os 4.4....

E, por fim, o dia de hoje valeu pelo convite de uma amiga a assistir à pré-estréia do último filme de Almodóvar, La Piel que Habito, que me deixou entre 'suspensa' e 'chocada', mas de forma alguma, ilesa deste relacionamento...

Posso dizer também que o dia de hoje não partiu inutilmente por conta do encontro com meu ex-colega de segundo grau, que não vejo há uns trinta anos, através do facebook.

Todos estes pequenos acontecimentos, que considero presentes do dia-a-dia em minha vida, acabam sempre compensando qualquer um dos muitos outros dias simplesmente banais ("dias em que nada acontece, em que ninguém nos surpreende, onde o trabalho não rende e as horas se arrastam de forma estupidamente melancólicas")... ou ainda compensam outros em que nada parece dar certo(dias em que a tristeza tomou conta, o 'sentido' se perdeu, algumas pessoas simplesmente se foram)...

Não deixar o dia de hoje partir inutilmente me parece, de repente, o único modo de enfrentarmos todos os outros que ainda virão por aí... assim espero!