domingo, 4 de dezembro de 2011

há tempos não me sentia assim... ou, melhor dizendo, há tempos venho caminhando para deixar pra trás alguns sentimentos, alguns 'apegos' e algumas inquietações nostálgicas. tive vários momentos que me fizeram acreditar que na caminhada, já tivesse deixado minhas cascas e iniciado um bonito e, por que não dizer, doloroso processo de transformação... mas a vida as vezes nos apresenta novos fatos, novas surpresas ou até mesmo traz de volta velhos assuntos. me pus a perguntar , durante as duas últimas semanas, o que faz com que mesmo sabendo conscientemente qual o caminho a tomar - sempre à frente - ainda assim, paremos ao longo da estrada, simplesmente a remoer velhas feridas, velhas angústias, velhos paradigmas e velhas crenças.... a questão em si, até não importa muito. o que importa é a extensão de seu abalo sobre nós! o quanto alguns aspectos de cada movimento realizado pelo outro, ou outros, de alguma forma, nos paralisa ou nos machuca, nos atrai ou nos repele. minha própria caminhada por esta vida tem me apresentado situações tão improváveis que achava já ter aprendido a 'saltar', quando algo novo se me apresentasse... saltar para continuar. saltar não para não ver, saltar para 'desapegar' do que já não serve mais... quanto mesmo já aprendi sobre isso? quantas vezes me apeguei a um sem fim de coisas, como se fosse possível preservá-las para sempre... quanto já aprendi de fato sobre o 'para sempre' ser , no mínimo, improvável ???
relacionamentos, bens materiais e idéias... quanto todas estas manifestações da vida costumam ainda me deixar tão vulnerável, trazendo um sem fim de sentimentos como o ciúmes, a mágoa, o medo, e, por consequência, claro, o sofrimento...
acredito que é preciso coragem para aliviar essa bagagem conceitual que carregamos ao longo da vida... seja ela material, com coisas que já não usamos mais, como também de crenças e pensamentos cristalizados ou obsoletos... se, afinal, o antigo já não serve mais, como abrir espaço para o novo? a resposta parece óbvia: abrindo mão do que pode ir embora sem deixar saudades.... mas como isso realmente pode acontecer, quando fatos, acontecimentos, novidades acabam por chegar e ressaltar que toda nossa trajetória em direção ao tão desejado 'desapego' pode ter sido nada mais do que uma caminhada em círculos???
acho que trazer os sentimentos para as páginas, já me ajuda a praticar uma nova crença, e com essa prática, deixar o 'velho' um pouco (ainda que bem pouco) para trás...refletindo melhor sobre o 'mal-estar' vivenciado nas últimas duas ou três semanas, o melhor a fazer - ainda que sem muita convicção - é acreditar que o que se possui verdadeiramente nunca se perde, sempre está aqui e, quando compartilhado, aumenta, não diminui... o apego nos mantém prisioneiros... o desapego liberta, como uma espécie de percepção sobre uma consciência maior em nós, nossa fonte de alegria...
li em algum lugar que o maior risco da vida é tomar precauções demais! muitas vezes, nos dedicamos a proteger nossos tesouros terrenos e também pessoas e amores, justamente pelo medo da perda... praticar o desapego parece como abandonar nossas crenças e nossa necessidade de estar certo, de possuir alguém ou alguma coisa, de vencer a todo o custo, de ser considerado superior, e, principalmente, de esquecer os resultados de nossas ações, porque quando nos desligamos dos resultados, aprenderemos simplesmente a desfrutar da caminhada...
penso ainda que fui feliz mesmo, pra valer, poucas vezes. e refletindo agora vejo que foi justamente quando me dei a chance de ser quem realmente eu era... experimentando encarar a incerteza como minha unica ferramenta para solucionar algum problema ... ou melhor, cultivando a única certeza que importa... a de que serei capaz de tudo!!!
quero acreditar que isso ainda seja possível... que eu seja capaz de me livrar do desejo imediato em favor de algum ganho posterior... que eu transforme minhas inquietações em disciplina... porque “Disciplina é liberdade” - já cantava Renato Russo, e ainda acredito que só poderemos ser livres, sermos capazes de discernir e escolher, se “mandarmos” em nós mesmos...

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