segunda-feira, 12 de novembro de 2012

o ponto negro !

"uma vez um professor chegou na sala de aula e anunciou que todos guardassem seus materiais porque ele aplicaria uma prova surpresa. todos, em pânico, organizaram-se para o teste que viria. após entregar as folhas com o conteúdo das provas de cabeça para baixo,o professor pediu a todos que desvirassem suas folhas. nelas, ao contrário do que se imaginava, nada havia de texto. em todas o que se via era apenas um ponto negro bem ao centro da folha. surpresos, os alunos ouviram o professor pedir-lhes que escrevessem a cerca do que observavam por ali... após algum tempo, recolhidas todas as provas, o professor avisou que aquele teste não valeria nota. era apenas uma experiência, que acabou se confirmando ao perceber que todos os alunos, sem exceção, haviam escrito longas teses sobre o ponto negro no centro da folha, esmiuçando detalhes sobre sua localização e ponderando sobre sua existência.... neste momento, o professor surpreendeu-os dizendo que o que pretendia, de fato, era questionar a razão de por que numa superfície muito maior do que um ponto, uma folha inteirinha branca, ninguém havia feito um comentário sequer..."

li este pequeno texto num destes dias num destes emails que se recebe de um destes amigos que insistem em nos mandar mensagens genéricas com reflexões sobre a vida. este texto, bem como este email, bem como este amigo, poderiam tranquilamente transformarem-se no meu 'ponto negro' no  meio da folha branca em que se desenrola minha vida, não fosse por um pequeno detalhe... neste dia, estivera pensando demais em meus pontos negros. estivera reclamando demais. estivera me lamuriando demais. neste mesmo dia, havia guardado alguns minutos dentro de meu carro, em minha garagem, tentando achar forças para sair dali e enfrentar a meia quadra que me separam de meu apartamento.. neste mesmo dia estivera pensando demais em tudo o que perdi, ou que deixei de ganhar (sei lá), graças a não agir como a maioria das pessoas age, ou o que se espera delas... neste dia, me encontrei com minha solidão... me encontrei com minha saudade, com a angústia, com minha falta de planejamento... e a 'sombra' chegou... ali estava meu ponto negro!

para me distrair dele, ou das tantas lembranças que insistem em me acompanhar (meus muitos pontos negros), acabei abrindo este email enviado sabe-se lá porque e, ao ler a história, percebi que a folha branca era o que me recusava a ver, ou não enxergava por estar distraída demais com meu ponto negro...

minha folha branca era eu ter chegado cedo em casa graças a ter um carro, era caminhar apenas uma quadra e meia, era ter onde chegar, um lugar só meu onde podia entrar e sair a qualquer hora, por ter uma preciosidade chamada liberdade, era ter uma filha que em breve chegaria e me contaria as novidades de seu dia... minha folha branca era repleta de amigos, para os quais eu poderia ligar e até 'chorar' se quisesse, sem a menor dúvida de que eles estariam lá para me ouvir e enxugar as minhas lágrimas... ao ler o email, vi que muitas vezes não vejo a folha branca que é muito maior, ampla, repleta de espaço e ainda por cima, branca, o que a torna perfeita, uma vez que posso escrever, desenhar, pintar das cores que quiser, apenas por estar 'cega' e 'focada' no ponto e não no entorno!



sábado, 27 de outubro de 2012

uma porta que se fecha...

é... hoje cheguei aos inimagináveis 4.5 e não queria deixar esta data passar em branco. por pretensão, desilusão ou pura observação (não sei) ... mas é que, de fato, na inocência dos meus cinco anos de idade nunca houvera imaginado chegar assim tão longe! e, por um destes acasos da vida, uma mera distração, aqui estou!

descobri por alguma razão, destas que não sabemos realmente explicar, que cada novo ano, é uma nova porta que se fecha! esta porta é interna e tem a exata medida que damos a ela. no meu caso, a porta que se fecha, é a porta da ilusão (engano dos sentidos ou do espírito que faz tomar a aparência pela realidade, segundo o dicionário). Explico: tenho vivido até aqui (até ontem) algumas certezas equivocadas a cerca de meus anos. Uma destas certezas era a de que não envelhecia, apesar das datas nos calendários nunca andarem para trás. Outra destas certezas tinha a ver com acreditar que seria sempre lembrada por aqueles que algum dia me foram muito caros, o que de fato não é exatamente uma verdade. Tinha ainda a certeza de que a cada novo ano, me tornaria mais sábia! Algumas recentes experiências e em especial algumas vivenciadas neste dia de hoje só me provaram o quanto esta também era uma ilusão!

descobri nos 4.5 que envelheço sim, a cada novo dia; que sou esquecida sim, especialmente por aqueles que um dia juraram nunca me esquecer; que a sabedoria não é necessariamente um troféu recebido pela maturidade.

descobri algumas coisas boas também. que alguns daqueles que cruzaram meu caminho em alguma esquina desta vida, ao longo destes 4.5 tem estado mais perto de mim do que eu podia imaginar. descobri que o que realmente importa está sempre por perto e está sempre presente. descobri que todo o resto é ilusão - aquele engano dos sentidos que falava anteriormente  - e que se não está presente, é porque realmente já não mais importa.

descobri que se a vida me deixou chegar até aqui é porque deve ter alguma expectativa de que eu a 'desnude', que 'acorde', que 'lute', que 'ame'... e que continue cultivando a amizade...porque nestes 4.5 o que descobri foi que “A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas.” (Carlos Drummond de Andrade).






segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Confissões II

Algumas fichas continuaram caindo após o curso que fiz naquele fim-de-semana intenso que passei sozinha, mas certa de que todos meus amigos estavam comigo, aqui fora.
Uma delas, e talvez a maior, foi a de que falo muito. Lá, não falei tanto. Aliás, não falei nada. O seminário, apesar de ser em grupo, é muito individual. Houve momentos em que sozinha, comigo mesma, tive que olhar de novo no espelho que se me apresentavam e não havia muito pra onde ir, ou como me distrair. Percebi que muitas vezes falo para não escutar. Para não ouvir meu próprio EU, gritando aqui dentro que esse ou aquele caminho realmente não me levarão nem perto de onde quero estar.
Percebi que tenho muitas certezas e certeza nenhuma. Que tenho muita opinião, para algumas vezes disfarçar minha falta de vontade de ouvir a opinião dos outros. Que tenho muita ideia pre-concebida. Mas percebi que são todas baseadas no meu passado. E o que tenho passado é tudo resultado de minhas próprias escolhas, muitas vezes equivocadas também, porque se baseiam nas minhas ideias pre-concebidas.... enfim, giro e giro a roda da vida e muito pouco tenho saído realmente do lugar.
Percebi que tenho repetido e repetido muitos equívocos. Que venho me equivocando a cerca de quem sou. Do que quero. Do que acredito. Tenho vivido equivocadamente o ‘amor’ , por exemplo, por ter muito poucas vezes realmente conhecido o amor. Tenho experienciado o amor através daquilo que me disseram que o amor era. E acreditei. Porque talvez, de verdade, quem me ensinou isso foi quem eu um dia realmente amei. E a partir destas pequenas certezas, destes pequenos saberes, fui tentando e tentando e hoje estou perdida...
Não pretendo encontrar mais certezas. 
Apenas não quero mais acreditar que as tenho.
Uma vez meu irmão me disse assim: Não há nada que tu faças ou vivas ou penses que mais cedo ou mais tarde não possas simplesmente mudar. Tu podes sempre mudar de ideia!
Acho que poucas vezes algo me soou tão acalentador. Porque me dá a esperança de imaginar que posso tentar, e tentar de novo, errar, voltar a tentar e se achar que nada faz sentido, simplesmente recomeçar!

sábado, 4 de agosto de 2012

Confissões de butecos I ...


 ... tá certo que o 'buteco' em questão é o 'Dometila', que de boteco mesmo não tem nada... pode-se descreve-lo como um café elegante, que mistura sofisticação e provocação aos nossos sentidos, se apresentando como uma ótima opção para curtir minhas amigas, tomar uma cerveja gelada à luz de uma lua linda (quando ela se apresenta) e pequenas e delicadas velas que enfeitam mesas na calçada...

e foi neste clima (quase tropical) de uma noite no inverno porto-alegrense, que confessei, assim que uma de minhas amigas apareceu, que hoje havia tido um surto de piedade de mim mesma... e este assunto, por si só, já é uma ótima 'pauta' para o que costumo chamar de 'conversas de buteco' !!!

na sequência, com a chegada de outra amiga, a conversa culminou na confissão completa sobre o susto que levei ao ver minha cara triste no espelho - uma cara que reconheço como minha - mas que gostaria de fingir que não é... e, neste surto de dar-se conta do que (ou no que) estava mesmo me transformando, acabei agindo com o meu mais ancestral instinto feminino e nem pensei: peguei o fone e marquei hora no meu cabeleireiro! (sabendo, é claro, que ele seria a única pessoa neste mundo capaz de arrumar aquela cara que eu, de verdade não desejava mais sobre meu pescoço).

Desta frase para o aprofundamento no tema, não faltaram  contribuições e muita risada! (desconfio que boa parte das risadas tem mais a ver com a cerveja do que com o tema da conversa em si).

Claro que sabemos que as mudanças tem de vir de 'dentro' para 'fora'! Entretanto, também é necessário ajudar para que quando elas resolvam começar a acontecer - o que pode ocorrer de uma hora para outra - a casa aqui fora já esteja bem 'arrumadinha' a fim de recebê-las, não é?!

E foi neste tom, porém sem muito entusiasmo que, diante do espelho de meu querido 'Alê' (o mágico), me apresentei explicando-lhe que ao não estar mais achando forças aqui dentro, resolvi inverter um pouquinho a situação e , quem sabe, arrumar um pouco o lado de fora me ajudasse a entusiasmar o lado de dentro também.

A cara dele ao me ouvir dizer isso foi um misto de perplexidade e satisfação. senti naquele franzir de sombrancelha (uma única)  e naquele canto de boca meio risonho num estado entre o médico e o monstro, que já imaginara sua imensa responsabilidade em fazer 'nascer' de dentro de mim, aquela mulher que eu mesma sozinha não estava conseguindo. Mas não me pareceu, de fato, nenhum pouco preocupado. Explicou em linguagem altamente técnica (e provavelmente muito cara) os muitos procedimentos pelos quais me submeteria e eu, prostrada por minha total falta de capacidade de resolver pelo lado de dentro meus problemas existenciais, me entreguei a toda aquela parafernália de potes, luvas, tintas, tesouras, cremes e papelotes brilhantes como uma nave espacial...

E, cerca de hora e meia depois, veio mesmo a transformação. Algo mais moderno, mais iluminado, mais colorido e com balanço se apossou de minha cabeça. E com esse movimento, veio o que tenho procurado a dias com muito pouco sucesso - o meu sorriso!

Sorri para aquela nova cara (repaginada) no espelho do Alê e olhei para ele que me explicou orgulhoso: "Usei em ti a temática alegria" .... parecendo um psicanalista orgulhoso de ter encontrado o cerne da questão de sua paciente.

E o pior (ou melhor) dessa história contada entre cervejas, velas e novos sorrisos, é que ele, num simples olhar  analítico, havia conseguido sim, com suas mãos, tesouras e técnicas de 'colorimetria', trazer alguma alegria à uma alma totalmente apagada, sem muito entusiasmo, sentindo-se com pouco ânimo, força ou energia para atravessar mais um fim de semana.  E fez reaparecer naquele espelho um rosto com luz e disposição para ligar para duas ou três amigas e convidá-las para brindar à vida.. que, afinal, ainda está só na metade... assim espero!!!



sábado, 14 de julho de 2012

Hay que endurecer pero perder la ternura jamás


Este título é um trocadilho que ousei pegar emprestado para definir meu atual relacionamento com minha filha, especialmente nesta sua nova fase, em que está 'adolescendo'  e eu, naturalmente (como imagino boa parte dos pais de garotas e garotos de 13 anos), fico a maior parte do tempo tateando, sem saber o que fazer... saber a gente sabe, o difícil é tomar a decisão de agir.

O conceito, profundo e abrangente, me chamou a atenção justamente pelo jogo entre opostos, que é o que tem me direcionado, me questionado e me recolocado no rumo, cada vez que cometo algum erro. Desta forma, "endurecer sem perder a ternura" tem sido uma atitude adotada por mim como um "direcionador"  frente a esta imensa responsabilidade e desafio.  

Difícil decidir as vezes, usando apenas o racional, sobre como agir quando o filho adolescente te desafia e engana, mente para voce (dizendo ter entregue o trabalho de geografia ou ciências no prazo, quando seguramente 'jazem' incompletos ou esquecidos no fundo da mochila)... ou quando eles juram ter estudado para as provas que se acumulam em conceitos abaixo do esperado, gastando todo seu precioso tempo em jogos de videogame, programas idiotas de televisão ou horas infindáveis em redes sociais...

Neste ponto chave está a questão, que acredito ser também o ponto chave desta conversa. Até os primeiros deslizes muita fala, afeto, ternura. Afinal,  é conversando que a gente se entende, ou não é?!?!? (shit)


Errado! Seria a resposta certa a esta instigante pergunta que muitas vezes me faço!


Conversando a gente estabelece os contratos, as regras do jogo e o funcionamento da casa. Entretanto, há um limite para tanta conversa. Há um momento neste jogo de forças e interesses (o que toda relação não deixa de ser, afinal); em que nossa vontade, nosso interesse e nossa responsabilidade exigem que saiamos deste cômodo papel de 'articulador' para um papel um tanto quanto mais duro, mais acertivo, mais direcionador e muito, mas muito menos democrático... é o que em nosso título eu viria a chamar de 'endurecer' ... (pero sin jamás perder la ternura)
Você pode aqui argumentar que endurecer não seja o caminho ideal para uma abertura de diálogos,para o livre pensamento, para a constituição de uma pessoa crítica e com bom poder de argumentação… E eu mesma usaria todos estes argumentos se não fosse eu mesma a 'mãe' neste papel, tentando educar, deixar alguma marca, imprimir alguma responsabilidade num caráter ainda em formação.
O desafio em que me lancei aqui, e confesso que continuo perseguindo, é de ser firme, e não dura. Para isto, tenho que incorporar um novo sentimento ao meu vocabulário emocional: "ternura."
Li num texto qualquer que "firmeza e ternura não são conceitos antagônicos" e me ocorreu que, na verdade, não são mesmo. Especialmente quando estamos tentando educar uma pessoa. 

Quando desejamos expressar nossa opinião,  geralmente somos firmes. Por vezes até duros! Mas se conseguirmos balizar esta firmeza utilizando a ternura (eis o grande desafio) talvez consigamos evitar o risco da perda de foco, ou seja: colocamos o foco na mensagem e tiramos de nós mesmos!!!

Nos processos de feedback, sabemos que o catastrófico em qualquer comunicação é quando o emissor fica mais forte e importante do que a mensagem que ele transmite... e se formos por aí, daqui a pouquinho estaremos falando de Poder! 

Num processo de negociação com o interesse genuíno de transmitir, educar, desenvolver, para que possamos alcançar o tão esperado resultado “ganha X ganha” e não “ganha X perde" se faz absolutamente necessário que pensemos nesta pequena e poderosa palavrinha: ternura.
Resumindo, o que venho tentando estabelecer na relação com minha mais recente adolescente preferida é a utilização da ternura como “pratica diária”. Sem, é claro, perder a firmeza... jamais!!! 

domingo, 8 de julho de 2012

...'cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...

Uma boa amiga, destas que a gente pode contar até quando a maré tá subindo e a gente sente que tá encalhando, me respondeu a um email citando a frase da música do Caetano, que me remeteu ao tema que escrevo agora...

Nos últimos dias, a maré dos acontecimentos tem me feito refletir muito em como reagimos a determinadas situações e o quanto estas 'reações' provocam novas 'reações' nas pessoas, algumas vezes magoando-as ou afastando-as de nós.

Tenho refletido também sobre como um 'perdão' dado muito rapidamente, parece muitas vezes prematuro, feito apenas para nos livrarmos de ter 'aquela' pessoa culpada grudada em nosso pé, pedindo desculpas todos os dias, e assim, com nosso suposto perdão, conseguimos nos livrar dela!

O perdão é 'dado', nesse caso, somente em tese. Porque, na prática, a mágoa continua lá. A desconfiança continua lá. A dúvida sobre como esta pessoa reagirá novamente, quando posta em situações semelhantes, continuará lá...

Para quem recebe o alvará do 'perdão' somente em tese (não de fato), o que fica é um brutal sentimento de dupla responsabilidade, ter que 'pisar em ovos', cuidar dos deslizes, fica a certeza de que qualquer 'escorregadinha nova' pode se somar a 'grande mancada' que deu origem ao falso perdão! E é aí que nos damos conta desta tal "dor ou delícia de sermos quem realmente somos" !!!

Se formos nos guiar pela responsabilidade de tentarmos não falhar, não cometermos os mesmos (ou talvez outros erros), não nos atrapalharmos, se formos tentar agir sem a possibilidade de sermos imperfeitos, sem a espontaneidade de falarmos bobagens não pensadas antes, sem poder chegar atrasados ou até não chegarmos, sem marcar uma coisa em cima da outra (apenas pela empolgação e vontade de querer fazer as duas coisas) sem sermos nós mesmos ... bem, aí, não poderemos usufruir da delícia de ser quem realmente somos; ainda que este 'sermos nós mesmos', seja apenas sermos humanos, demasiadamente humanos!


quarta-feira, 4 de julho de 2012


A HISTÓRIA DO PATO

Havia dois irmãos que visitavam seus avós no sítio, nas férias.
Filipe, o menino, ganhou um estilingue para brincar no mato. Praticava sempre, mas nunca conseguia acertar o alvo.
Certa tarde viu o pato de estimação da vovó... Em um impulso atirou e acabou acertando o pato na cabeça e o matou. Ele ficou chocado e triste!
Entrou em pânico e escondeu o pato morto no meio da madeira!
Beatriz, a sua irmã viu tudo, mas não disse nada aos avós.
Após o almoço no dia seguinte, a avó disse: "Beatriz, vamos lavar a louça"
Mas ela disse: " Vovó, o Filipe me disse que queria ajudar na cozinha". E olhando para ele sussurrou: "Lembra do pato?" Então o Felipe lavou os pratos.
Mais tarde o vovô perguntou se as crianças queriam pescar e a vovó disse: "Desculpe, mas eu preciso que a Beatriz me ajude a fazer o jantar."
Beatriz apenas sorriu e disse, "Está bem, mas o Filipe me disse que queria ajudar hoje", e sussurrou novamente para ele: "Lembra do pato?"
Então a Beatriz foi pescar e Filipe ficou para ajudar.
Após vários dias o Filipe sempre ficava fazendo o trabalho da Beatriz até que ele, finalmente não agüentando mais, confessou para a avó que tinha matado o pato.
A vovó o abraçou e disse: "Querido, eu sei... eu estava na janela e vi tudo, mas porque eu te amo, eu te perdoei. Eu só estava me perguntando quanto tempo você iria deixar a Beatriz fazer você de escravo!" (PAGAR O PATO)
                                                                                    
Deus e o Amor não só perdoa, mas Ele também esquece!!!

Autor desconhecido


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Despedida...

Hoje, quinta (ops, já é sexta!), foi meu último dia no papel de 'professora' da turminha de Ferramentas de Gestão no curso profissionalizante de Técnicas Administrativas do Centro Social LaSalle, em Canoas. Ainda acordada, sentindo a estranheza do 'vazio' das horas que sei, acabarão chegando por aqui a cada nova quinta-feira, quando não tiver mais o compromisso de dirigir até Niterói e passar a noite com meus 'novos' amigos e queridos alunos...
Apesar da correria e do cansaço que um dia com tripla jornada determina, sinto que esta foi uma das 'boas' oportunidades que a vida me deu de experimentar ser 'inteira'. Estar inteira. Agir e pensar em consonância com quem sou, no que acredito, com os altos e baixos que a profissão de educadora pode trazer.
Durante as poucas quintas em que me experimentei 'professora', vi uma "jac" da qual nem me lembrava mais. Alguém com ideais. Alguém curioso. Alguém determinado a se divertir, apesar de ser um trabalho sério. Alguém mais leve. Alguém com maior capacidade de 'paciência' e 'doação'. Alguém que trabalhou pelos momentos e pela certeza de estar deixando algumas sementinhas pelo caminho. Com alguma certeza também de que algumas pessoas as estavam colhendo e aproveitando.
Durante algumas quintas-feiras, cansei também.
Durante algumas quintas-feiras, desejei não ter que me deslocar até lá. Desejei não ter que deixar minha filha tão sozinha. Desejei estar tomando uma ceva em algum outro lugar e com algumas outras companhias.
Mas, nas mesmas quintas-feiras em que desejei tudo isso; desejei mais ainda que a aula não terminasse, que nossas conversas e debates se prolongassem e que toda aquela 'alegria' pudesse se ramificar para o restante da semana.
Nem tudo foram flores e nem tudo foi perfeito.
Faria bem melhor, se começasse hoje.
Mas faria!
E com o mesmo prazer que fiz, enquanto me alimentava daquela deliciosa diversidade, o faria de novo.
Obrigada LaSalle pela oportunidade. Obrigada, meninos e meninas, senhoras e senhores pela paciência e receptividade. E , obrigada a DEUS, pela infinita bondade!!!

domingo, 10 de junho de 2012


Companhia x Companheirismo... será este o segredo para tantos desencontros???

Debruçada na pia enquanto tentava exterminar as últimas louças sujas da noite,  escutava ao longe os passos de algum vizinho a se acercar do elevador.  Fora isso, apenas silêncio. Silêncio e um pensamento. 


Um pensamento sobre a solidão e a necessidade quase 'nacional' que venho percebendo nas mulheres com quem convivo ultimamente: encontrarem os famigerados 'companheiros' para partilharem suas vidas. 


Meu olhar, neste caso específico,  vem acompanhado de algumas dúvidas sobre se, de fato, este não é apenas mais um conceito antigo, destes que costumamos chamar de 'do tempo de nossas mães.' 


De fato, outro dia desses, num encontro com um amigo, também solitário sob alguns aspectos, me foi lançada a fatídica pergunta:  “mas, afinal, por que tu achas que num mundo onde tantas mulheres sozinhas e a procura de um companheiro e de tantos homens sozinhos em busca de companhia... por que diabos, estas pessoas não se encontram?”

Não lembro direito, mas estou certa de que lancei mão de muitos argumentos matemáticos para explicar que talvez tivesse a ver com o número muito maior de mulheres do que de homens no planeta. Talvez, também não estou bem certa, tenha tecido inúmeras considerações sobre perfis psicológicos de um e de outro  e da impossibilidade concreta de ajustes de expectativas (é bem minha cara fazer isso). 


Inesperadamente dei-me conta desta questão por uma conversa que tive com outra amiga, também  noutro dia desses. Ela me fez a pergunta que muitas vezes me faço: "por que saímos com alguém que tem todos os melhores atributos como companhia, mas improváveis atributos para se tornar um ‘companheiro’?"  

Olhando da perspectiva do 'presente'  uma Companhia é tudo o que muitas vezes queremos e precisamos do outro. Queremos estar com o outro. Queremos que o outro cozinhe para nós. Queremos cozinhar para o outro. Queremos assistir a bons filmes e 'rir'. Ou assistir a filmes que nos tocam e 'chorar'.  Queremos discutir 'Platão', a inflação, a depressão... Queremos curtir as partidas de futebol, mesmo que seja para brigar no final. Queremos uma boa cama, muito prazer, beijos apaixonados e sedução como cenário permanente. De uma companhia, queremos e permitimos quase tudo!  


Curtir uma boa companhia é coisa realmente muito fácil para muitos e, por que não dizer, para quase todos nós. Em que pese todas as diferenças de 'padrões desejáveis' pela grande maioria das pessoas, admitimos como companhia os baixinhos, os feinhos, os magrelas, os gordinhos, os que 'racham a conta do restaurante', os que não tem carro, os mais jovens, os mais velhos, os mais exigentes, os 'nerds', os chatos, os arrogantes... os , enfim, muito diferentes de nós mesmos em um ou vários aspectos ao mesmo tempo.... admitimos sim, porque enquanto companhia, todas estas diferenças não pesam tanto assim.


Olhar para a perspectiva de 'futuro' é o que faz com que busquemos o 'Companheiro' !!! E no que isso se difere do que entendemos como companhia???? Quase tudo ! 


Minha amiga disse: "mas que mal há em sairmos com eles, afinal, não nos divertimos, não nos fazem bem? Não são uma boa companhia?" - E qual não teria sido sua resposta, se ao invés de contar que estava aceitando como companhia uma determinada pessoa totalmente 'fora de seus padrões sociais' (e até de alguns meus próprios),  eu tivesse dito: "acho que encontrei um Companheiro!"  


Uau!!! Isso não, isso não pode" - essa seria talvez, sua provável resposta! 


Agora aqui, envolvida em todos estes pensamentos, memórias, sentimentos, não consigo parar de pensar que, finalmente, acreditava ter encontrado a resposta para a antiga pergunta feita por meu amigo... A diferença, penso eu, para que homens e mulheres não se encontrem satisfatoriamente nesta vida, talvez resida no fato de que enquanto as mulheres olham obcecadamente para o futuro, buscando seus ansiados 'companheiros' ; os homens, na grande maioria das vezes, olham apenas e exclusivamente para o presente, buscando nada mais do que boa 'companhia' ... 

terça-feira, 8 de maio de 2012







SOB 'PRESSÃO' ou SOB 'TENSÃO'... Com uma frase sobre trabalhar sob pressão x sob tensão respondi a pergunta de um colega hoje no trabalho e minha resposta acabou ecoando em cabeça ao longo do dia. Como aprendi que alguns pensamentos,palavras, expressões quando saem são apenas expressões de nosso inconsciente querendo manifestar algo maior, decidi escrever sobre isso! Estava, claro, me reportando a algo específico, como a alguma pergunta casual feita de forma provocativa. No entanto, ao usar esta expressão, manifestei meu desassossego, meu incômodo frente a muitas das situações do dia-a-dia organizacional, que muitas vezes de tanto pressionar, acaba por criar um clima mesmo de 'tensão' entre as pessoas. E acabei reflexiva pelo resto de minha tarde. Apenas passando os olhos em publicações como Exame, Voce S.A, Epoca Negócios, Isto È, sem contar as especializadas em artigos a cerca de Clima Organizacional, Liderança, Facilitação, Aprendizagem, Gestão de Pessoas, RH, entre outros, posso dizer que quanto mais estudo, mais me distancio da realidade em que vivo. Alguém certa vez me disse, ou li, não sei, que a "ignorância é muitas vezes a melhor de nossas virtudes" !!! De repente, hoje a tarde, percebi a veracidade desta frase quando me dei conta do quanto estamos de fato longe, talvez alguns anos-luz de distância, entre o teórico e o real, em algumas organizações empresariais. No dia-a-dia a pressão é grande nas muitas organizações por resultados, indicadores positivos, lucros, sustentabilidade. Isso é , a meu ver, trabalhar sob 'pressão', o que de certa forma acaba por traduzir algum sentimento de angústia sim, mas muito mais uma angústia por resolver, realizar, desafiar-se. A maioria das pessoas que conheço prefere movimento, ação, ver-se envolvido em algo maior que ela mesma, algo que quando efetivado trará alegria, satisfação pessoal, orgulho por ter participado. Algo que quando não surtir todo este efeito positivo, trará em si, a lição de que podemos sempre melhorar, de que podemos sempre aprender e de que vale a pena continuar tentando! Outro sentimento, muito diferente, é o que consigo identificar como 'trabalhar sob tensão'. Isto traduzido seria algo como ver-se frente a situações em que nada que se faça pareça estar correto ou satisfatório, onde o 'medo' e a certeza de já não se saber por onde andar dominam o espaço físico e energético de uma organização. Onde chegar é quase um tormento e a vontade de sair inicia, sim, no exato minuto em que se pisa no ambiente de trabalho. Um trabalho sob tensão é o que nos deixa com o estômago na garganta praticamente o dia inteiro, esperando a qualquer momento que teus 'erros' ou supostos 'não acertos' (porque não eram o esperado pela organização)sejam jogados em voce como um depósito de lixo! É onde nos sentimos um 'nada' ou zero a esquerda, porque todas as idéias são melhores que a que tomamos. Onde cérebro deixou a muito de fazer alguma diferença e se chegarmos apenas com pernas e braços e sintomas de 'obediência' poderemos, talvez, atravessar mais um dia... esperando outro amanhecer, para voltarmos a nos sentir iguaizinhos novamente!

sábado, 7 de abril de 2012

Resignação... renovação... Páscoa!

Dia lindo de outono... sol precedido de uma lua absurdamente cheia no céu sem estrelas... friozinho... cheiro de mato! Assim foi a noite de ontem e o amanhecer neste sábado de aleluia, onde de qualquer maneira, nada muda o que passa aqui dentro... aqui dentro, contemplação, observação, resignação... sim, não gosto muito desta palavra (submeter-se sem revolta a; conformar-se com; aceitar...), mas acho que ela se encaixa ao que sinto por ora... sinto que o 'tempo' - por andar em sua própria velocidade - nem mais rápido nem mais lento, acaba por trazer essa sensação de que não há muito o que fazer, exceto esperar. Esperar enquanto contemplo, observo e me resigno com as coisas todas que queria diferentes e simplesmente não o são... com os pontos em minha boca que gostaria já estivessem fora daqui, mas ainda não estão, com a 'virada' que espero poder dar algum dia, e por ora, ainda não chegou!

Me resigno também com a ausência, com a saudade, com o espaço existente entre o querer e o conseguir... entre o pensar e o agir... entre o desejo e a realização!

Amanhã é a Páscoa Cristã! Dia de renovação, de acreditar em renascimento, de reformulação e esperanças... Não creio, porém, em nenhuma renovação sem uma análise profunda sobre o que já se viveu até aqui. Sem antes uma boa dose de auto-percepção, auto-avaliação, auto-perdão!!! Creio, sim, no tempo; sábio companheiro fiel e implacável senhor da Vida...

Se atravessarmos os tempos de maneira distraída, possivelmente não entenderemos o verdadeiro significado de 'sairmos de um tempo' e 'entrarmos em outro'... possivelmente perderemos uma parte importante de nossa própria história. Aquela que nos trouxe até aqui, que nos tornou quem somos e quem, com certeza, nos possibilitará atravessar o 'Egito' e nos tornarmos quem desejamos ser!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

acho que hoje é uma terça-feira...

sempre quis começar um texto sem saber direito em que dia estou!
percebi isso ao me conectar agora, quando descobri não saber que horas são, ou em que dia da semana estamos. isto se chama férias! quando olhei pro céu mormacento aqui da sacada de meu pequeno apartamento na pousada, consegui descobrir a hora, porque o pequeno laptop é muito sábio e nunca se perde nisso. consegui também me dar conta do dia do mês, mas e a semana??? eheheh.. graças a deus ainda consigo me desconectar de alguma coisa, afinal!
amanheceu um céu muito cinza por aqui, carregado daquelas nuvens que parecem só existir mesmo nos únicos sete, dos 365 dias que tem o ano, quando me dou o direito de vir em busca de sol, mar e descanso!
como neste horário elas geralmente dão uma trégua, deixando transpassar o sol e seus raios 'venenosos' (por conta do horário) é justo aqui que realmente sinto o que é estar em férias... sentar e simplesmente ler aquele livro que está sempre por perto, mas que raramente abro... olhar para a janela e perceber que me cercam inúmeros morros esverdeados, pegar a máquina fotográfica e desejar registrar tudo, para no segundo seguinte, sentir a preguiça maior do que tudo e, simplesmente não registrar nada... passar boas horas ouvindo as cigarras em torno... mirar da sacada a piscina de água azulada e brilhante me chamando, para ter o prazer de simplesmente dizer, agora não, talvez mais tarde... perceber que já passou há horas a 'hora do almoço' e simplesmente deixar pra depois, deixar para comer quando a natureza realmente sentir que não há mais nada a fazer... essa sensação de não se 'ter' que fazer nada é o que realmente chamo de 'estar em férias'... a única obrigação é para com os sentidos... estar atenta. ouvir. sentir. desejar. realizar...
por décadas achei que isso era desperdício de vida. que o correto era sempre se ter o que fazer. acordar sabendo que viria o café da manhã, para logo em seguida caminhar por aí, porque, como conceber umas férias sem caminhadas?!?! e a obrigação de se fazer um exercício??? e a culpa por se ficar preguiçando o dia todo???
Bem, há algum tempo atrás, abrir a janela de um quarto de hotel e verificar que chovia a cântaros era sinônimo de mal-humor. Afinal, como poderia estar chovendo quando eu estava em férias??? Eheheh... quanta pretensão achar realmente que a natureza se regula pelo meu calendário anual!
Acho que o bacana de se 'envelhecer' é que se fica bem menos neurótico, exigente com o que não se tem controle e apto a lidar com o que a vida apresenta.
A pouca ou nenhuma certeza de se ter um outro dia de sol (ou não) amanhã faz com que a gente aproveite aquela pequena 'escapada' que ele dá por trás das nuvens. Faz com que não tenhamos muita pressa para que os dias terminem ou que a noite chegue ou que tenhamos que conhecer esta ou aquela 'nova praia'. Faz com que não precisemos comer porque está na hora, e sim, porque queremos ter o prazer com a comida... faz com que ao sentir um texto chegando perto da gente, a gente simplesmente sente e escreva, mesmo que não seja o momento adequado. Faz com que se abra uma garrafa de espumante para beber sozinha, sim, sozinha, a qualquer hora do dia ou da noite, sem nenhum grande motivo, apenas porque se sentiu aquela vontade....
Por isso estou aqui agora, neste dia que penso ser uma terça-feira, sem muita noção de quando vou para a próxima 'tarefa' ... ou do que me espera o próximo minuto!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Entrando em 2012

Não consigo, como a grande maioria das pessoas, acreditar que os rituais de passagem, patuás, desejos de novas realizações, estouros de espumantes e todos aqueles fogos de artifício queimados na meia noite do dia 31 de dezembro, signifiquem realmente que acabei de entrar em outro tempo... Sendo assim, estou entrando em 2012! Já sem a pressa vivida em anos anteriores. Sem a angústia pelo novo chegar. Me estranhando um pouco digitando isso aqui - porque ninguém mais do que eu mesma me ouvi dizer ao menos uma dúzia de vezes - o quanto já estava farta de 2011!!!

E agora, buscando antigos cadernos de anotações que costumava manter até meados do ano passado, coincidência ou não, acabei encontrando de primeira, um texto que escrevi chamado "Bem Vindo 2011" !!! ... Relendo, encontrei uma jacqueline diferente desta, que de forma lenta e transformada, atravessou a fronteira destes dois números 2011 - 2012 !

Compartilho aqui meu texto escrito, lá atrás, sobre meu olhar para o então 'Ano Novo' e com ele posso dizer que se tivesse que escrever um outro "Bem vindo 2012", seu conteúdo e talvez até sua sonoridade, se distanciariam um pouco do que encontrei aqui ...

"Já na metade de janeiro, saúdo a este ano que há pouco entrou em nossas vidas ocidentais. Apenas simbolicamente, porque a vida mesmo segue seu curso, sem paradas, sem pit-stops, sem recomeços (e com muitos ao mesmo tempo). Decido seguir por aqui no mesmo caderno. Não vou inaugurar ou abrir outro (como fazemos com as agendas profissionais) porque para mim e para o mundo apenas o que existe é 'continuidade'. Para onde poderíamos ir, afinal, que não sempre em frente, de volta para o futuro??? Que bobagem este negócio de ficarmos iludidos sobre os 'inícios de ano', como se estes, ao chegarem, não fossem apenas "mais um ano a menos", parafraseando meu ex-colega Eder, ou seja, são nada mais do que um outro PRESENTE a nos brindar com uma nova data no calendário da vida! Introspecções e reflexões a parte, posso dizer que estou entrando em 2011 devagar (exatamente como agora em 2012), com idas e vindas, chegadas e partidas... Estive até ontem (19/01/2011) em férias com minha filha, noutro ritmo, noutra batida, sem horários, sem rotina, sem obrigações... Estivemos no sul da ilha de Florianópolis ( não sei se por minha escolha ou por escolha da ilha), uma vez que apenas lá consegui uma pousada nestas alturas do campeonato. Posso afirmar, no entanto, que foi realmente um PRESENTE que ganhamos ao irmos 'parar' na praia da armação, pois se eu mesma tivesse ido buscar um lugar melhor para ela, talvez não tivesse encontrado algo tão ideal. Minha Luisa curtiu tudo. Adorou! Fez novos amigos, viveu intensamente seus dias e voltou , como eu, apaixonada pelo sul , pelo mar, pelo clima e pelo jeito de viver daquela ilha. Tanto que me fez prometer que voltaríamos. Adorei te-la tornado feliz. De minha parte também gostei muito, desde as trilhas isoladas e difíceis, até os bons momentos fotográficos que tive. Voltei bronzeada, descansada, com saudade de casa, com vontade de seguir a vida. Ao chegar aqui e entregar a Luisa para seu pai, aquele homem tão bonito, tão bronzeado, tão parecido com alguém que conheci tão bem, percebi o quanto estamos mesmo 'fora' da vida um do outro. E neste momento, me senti novamente sozinha! No mundo, na vida, em mim mesma! Me despedir da minha filha foi como se não tivesse mais nenhum papel a desempenhar, nenhum lugar para ir... como a música do Wander Wildner: "Me sinto sozinho e abandonado, não tenho ninguém, aqui do meu lado... meu cachorro vênus foi roubado, fiquei um pouco preocupado... vou me entorpecer bebendo vinho... seguindo só... o meu caminho..." - Mas não fiz! Não abri nenhuma garrafa de vinho, nenhum álcool. Apenas amarguei minha total certeza da solidão e entrei em casa repetindo a mim mesma: 'Sou uma grande pessoa' !!!"