sempre quis começar um texto sem saber direito em que dia estou!
percebi isso ao me conectar agora, quando descobri não saber que horas são, ou em que dia da semana estamos. isto se chama férias! quando olhei pro céu mormacento aqui da sacada de meu pequeno apartamento na pousada, consegui descobrir a hora, porque o pequeno laptop é muito sábio e nunca se perde nisso. consegui também me dar conta do dia do mês, mas e a semana??? eheheh.. graças a deus ainda consigo me desconectar de alguma coisa, afinal!
amanheceu um céu muito cinza por aqui, carregado daquelas nuvens que parecem só existir mesmo nos únicos sete, dos 365 dias que tem o ano, quando me dou o direito de vir em busca de sol, mar e descanso!
como neste horário elas geralmente dão uma trégua, deixando transpassar o sol e seus raios 'venenosos' (por conta do horário) é justo aqui que realmente sinto o que é estar em férias... sentar e simplesmente ler aquele livro que está sempre por perto, mas que raramente abro... olhar para a janela e perceber que me cercam inúmeros morros esverdeados, pegar a máquina fotográfica e desejar registrar tudo, para no segundo seguinte, sentir a preguiça maior do que tudo e, simplesmente não registrar nada... passar boas horas ouvindo as cigarras em torno... mirar da sacada a piscina de água azulada e brilhante me chamando, para ter o prazer de simplesmente dizer, agora não, talvez mais tarde... perceber que já passou há horas a 'hora do almoço' e simplesmente deixar pra depois, deixar para comer quando a natureza realmente sentir que não há mais nada a fazer... essa sensação de não se 'ter' que fazer nada é o que realmente chamo de 'estar em férias'... a única obrigação é para com os sentidos... estar atenta. ouvir. sentir. desejar. realizar...
por décadas achei que isso era desperdício de vida. que o correto era sempre se ter o que fazer. acordar sabendo que viria o café da manhã, para logo em seguida caminhar por aí, porque, como conceber umas férias sem caminhadas?!?! e a obrigação de se fazer um exercício??? e a culpa por se ficar preguiçando o dia todo???
Bem, há algum tempo atrás, abrir a janela de um quarto de hotel e verificar que chovia a cântaros era sinônimo de mal-humor. Afinal, como poderia estar chovendo quando eu estava em férias??? Eheheh... quanta pretensão achar realmente que a natureza se regula pelo meu calendário anual!
Acho que o bacana de se 'envelhecer' é que se fica bem menos neurótico, exigente com o que não se tem controle e apto a lidar com o que a vida apresenta.
A pouca ou nenhuma certeza de se ter um outro dia de sol (ou não) amanhã faz com que a gente aproveite aquela pequena 'escapada' que ele dá por trás das nuvens. Faz com que não tenhamos muita pressa para que os dias terminem ou que a noite chegue ou que tenhamos que conhecer esta ou aquela 'nova praia'. Faz com que não precisemos comer porque está na hora, e sim, porque queremos ter o prazer com a comida... faz com que ao sentir um texto chegando perto da gente, a gente simplesmente sente e escreva, mesmo que não seja o momento adequado. Faz com que se abra uma garrafa de espumante para beber sozinha, sim, sozinha, a qualquer hora do dia ou da noite, sem nenhum grande motivo, apenas porque se sentiu aquela vontade....
Por isso estou aqui agora, neste dia que penso ser uma terça-feira, sem muita noção de quando vou para a próxima 'tarefa' ... ou do que me espera o próximo minuto!
Propor um olhar mais atento às palavras, sensações, emoções ... compartilhar minhas distrações... nada mais!
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Entrando em 2012
Não consigo, como a grande maioria das pessoas, acreditar que os rituais de passagem, patuás, desejos de novas realizações, estouros de espumantes e todos aqueles fogos de artifício queimados na meia noite do dia 31 de dezembro, signifiquem realmente que acabei de entrar em outro tempo... Sendo assim, estou entrando em 2012! Já sem a pressa vivida em anos anteriores. Sem a angústia pelo novo chegar. Me estranhando um pouco digitando isso aqui - porque ninguém mais do que eu mesma me ouvi dizer ao menos uma dúzia de vezes - o quanto já estava farta de 2011!!!
E agora, buscando antigos cadernos de anotações que costumava manter até meados do ano passado, coincidência ou não, acabei encontrando de primeira, um texto que escrevi chamado "Bem Vindo 2011" !!! ... Relendo, encontrei uma jacqueline diferente desta, que de forma lenta e transformada, atravessou a fronteira destes dois números 2011 - 2012 !
Compartilho aqui meu texto escrito, lá atrás, sobre meu olhar para o então 'Ano Novo' e com ele posso dizer que se tivesse que escrever um outro "Bem vindo 2012", seu conteúdo e talvez até sua sonoridade, se distanciariam um pouco do que encontrei aqui ...
"Já na metade de janeiro, saúdo a este ano que há pouco entrou em nossas vidas ocidentais. Apenas simbolicamente, porque a vida mesmo segue seu curso, sem paradas, sem pit-stops, sem recomeços (e com muitos ao mesmo tempo). Decido seguir por aqui no mesmo caderno. Não vou inaugurar ou abrir outro (como fazemos com as agendas profissionais) porque para mim e para o mundo apenas o que existe é 'continuidade'. Para onde poderíamos ir, afinal, que não sempre em frente, de volta para o futuro??? Que bobagem este negócio de ficarmos iludidos sobre os 'inícios de ano', como se estes, ao chegarem, não fossem apenas "mais um ano a menos", parafraseando meu ex-colega Eder, ou seja, são nada mais do que um outro PRESENTE a nos brindar com uma nova data no calendário da vida! Introspecções e reflexões a parte, posso dizer que estou entrando em 2011 devagar (exatamente como agora em 2012), com idas e vindas, chegadas e partidas... Estive até ontem (19/01/2011) em férias com minha filha, noutro ritmo, noutra batida, sem horários, sem rotina, sem obrigações... Estivemos no sul da ilha de Florianópolis ( não sei se por minha escolha ou por escolha da ilha), uma vez que apenas lá consegui uma pousada nestas alturas do campeonato. Posso afirmar, no entanto, que foi realmente um PRESENTE que ganhamos ao irmos 'parar' na praia da armação, pois se eu mesma tivesse ido buscar um lugar melhor para ela, talvez não tivesse encontrado algo tão ideal. Minha Luisa curtiu tudo. Adorou! Fez novos amigos, viveu intensamente seus dias e voltou , como eu, apaixonada pelo sul , pelo mar, pelo clima e pelo jeito de viver daquela ilha. Tanto que me fez prometer que voltaríamos. Adorei te-la tornado feliz. De minha parte também gostei muito, desde as trilhas isoladas e difíceis, até os bons momentos fotográficos que tive. Voltei bronzeada, descansada, com saudade de casa, com vontade de seguir a vida. Ao chegar aqui e entregar a Luisa para seu pai, aquele homem tão bonito, tão bronzeado, tão parecido com alguém que conheci tão bem, percebi o quanto estamos mesmo 'fora' da vida um do outro. E neste momento, me senti novamente sozinha! No mundo, na vida, em mim mesma! Me despedir da minha filha foi como se não tivesse mais nenhum papel a desempenhar, nenhum lugar para ir... como a música do Wander Wildner: "Me sinto sozinho e abandonado, não tenho ninguém, aqui do meu lado... meu cachorro vênus foi roubado, fiquei um pouco preocupado... vou me entorpecer bebendo vinho... seguindo só... o meu caminho..." - Mas não fiz! Não abri nenhuma garrafa de vinho, nenhum álcool. Apenas amarguei minha total certeza da solidão e entrei em casa repetindo a mim mesma: 'Sou uma grande pessoa' !!!"
E agora, buscando antigos cadernos de anotações que costumava manter até meados do ano passado, coincidência ou não, acabei encontrando de primeira, um texto que escrevi chamado "Bem Vindo 2011" !!! ... Relendo, encontrei uma jacqueline diferente desta, que de forma lenta e transformada, atravessou a fronteira destes dois números 2011 - 2012 !
Compartilho aqui meu texto escrito, lá atrás, sobre meu olhar para o então 'Ano Novo' e com ele posso dizer que se tivesse que escrever um outro "Bem vindo 2012", seu conteúdo e talvez até sua sonoridade, se distanciariam um pouco do que encontrei aqui ...
"Já na metade de janeiro, saúdo a este ano que há pouco entrou em nossas vidas ocidentais. Apenas simbolicamente, porque a vida mesmo segue seu curso, sem paradas, sem pit-stops, sem recomeços (e com muitos ao mesmo tempo). Decido seguir por aqui no mesmo caderno. Não vou inaugurar ou abrir outro (como fazemos com as agendas profissionais) porque para mim e para o mundo apenas o que existe é 'continuidade'. Para onde poderíamos ir, afinal, que não sempre em frente, de volta para o futuro??? Que bobagem este negócio de ficarmos iludidos sobre os 'inícios de ano', como se estes, ao chegarem, não fossem apenas "mais um ano a menos", parafraseando meu ex-colega Eder, ou seja, são nada mais do que um outro PRESENTE a nos brindar com uma nova data no calendário da vida! Introspecções e reflexões a parte, posso dizer que estou entrando em 2011 devagar (exatamente como agora em 2012), com idas e vindas, chegadas e partidas... Estive até ontem (19/01/2011) em férias com minha filha, noutro ritmo, noutra batida, sem horários, sem rotina, sem obrigações... Estivemos no sul da ilha de Florianópolis ( não sei se por minha escolha ou por escolha da ilha), uma vez que apenas lá consegui uma pousada nestas alturas do campeonato. Posso afirmar, no entanto, que foi realmente um PRESENTE que ganhamos ao irmos 'parar' na praia da armação, pois se eu mesma tivesse ido buscar um lugar melhor para ela, talvez não tivesse encontrado algo tão ideal. Minha Luisa curtiu tudo. Adorou! Fez novos amigos, viveu intensamente seus dias e voltou , como eu, apaixonada pelo sul , pelo mar, pelo clima e pelo jeito de viver daquela ilha. Tanto que me fez prometer que voltaríamos. Adorei te-la tornado feliz. De minha parte também gostei muito, desde as trilhas isoladas e difíceis, até os bons momentos fotográficos que tive. Voltei bronzeada, descansada, com saudade de casa, com vontade de seguir a vida. Ao chegar aqui e entregar a Luisa para seu pai, aquele homem tão bonito, tão bronzeado, tão parecido com alguém que conheci tão bem, percebi o quanto estamos mesmo 'fora' da vida um do outro. E neste momento, me senti novamente sozinha! No mundo, na vida, em mim mesma! Me despedir da minha filha foi como se não tivesse mais nenhum papel a desempenhar, nenhum lugar para ir... como a música do Wander Wildner: "Me sinto sozinho e abandonado, não tenho ninguém, aqui do meu lado... meu cachorro vênus foi roubado, fiquei um pouco preocupado... vou me entorpecer bebendo vinho... seguindo só... o meu caminho..." - Mas não fiz! Não abri nenhuma garrafa de vinho, nenhum álcool. Apenas amarguei minha total certeza da solidão e entrei em casa repetindo a mim mesma: 'Sou uma grande pessoa' !!!"
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