"uma vez um professor chegou na sala de aula e anunciou que todos guardassem seus materiais porque ele aplicaria uma prova surpresa. todos, em pânico, organizaram-se para o teste que viria. após entregar as folhas com o conteúdo das provas de cabeça para baixo,o professor pediu a todos que desvirassem suas folhas. nelas, ao contrário do que se imaginava, nada havia de texto. em todas o que se via era apenas um ponto negro bem ao centro da folha. surpresos, os alunos ouviram o professor pedir-lhes que escrevessem a cerca do que observavam por ali... após algum tempo, recolhidas todas as provas, o professor avisou que aquele teste não valeria nota. era apenas uma experiência, que acabou se confirmando ao perceber que todos os alunos, sem exceção, haviam escrito longas teses sobre o ponto negro no centro da folha, esmiuçando detalhes sobre sua localização e ponderando sobre sua existência.... neste momento, o professor surpreendeu-os dizendo que o que pretendia, de fato, era questionar a razão de por que numa superfície muito maior do que um ponto, uma folha inteirinha branca, ninguém havia feito um comentário sequer..."
li este pequeno texto num destes dias num destes emails que se recebe de um destes amigos que insistem em nos mandar mensagens genéricas com reflexões sobre a vida. este texto, bem como este email, bem como este amigo, poderiam tranquilamente transformarem-se no meu 'ponto negro' no meio da folha branca em que se desenrola minha vida, não fosse por um pequeno detalhe... neste dia, estivera pensando demais em meus pontos negros. estivera reclamando demais. estivera me lamuriando demais. neste mesmo dia, havia guardado alguns minutos dentro de meu carro, em minha garagem, tentando achar forças para sair dali e enfrentar a meia quadra que me separam de meu apartamento.. neste mesmo dia estivera pensando demais em tudo o que perdi, ou que deixei de ganhar (sei lá), graças a não agir como a maioria das pessoas age, ou o que se espera delas... neste dia, me encontrei com minha solidão... me encontrei com minha saudade, com a angústia, com minha falta de planejamento... e a 'sombra' chegou... ali estava meu ponto negro!
para me distrair dele, ou das tantas lembranças que insistem em me acompanhar (meus muitos pontos negros), acabei abrindo este email enviado sabe-se lá porque e, ao ler a história, percebi que a folha branca era o que me recusava a ver, ou não enxergava por estar distraída demais com meu ponto negro...
minha folha branca era eu ter chegado cedo em casa graças a ter um carro, era caminhar apenas uma quadra e meia, era ter onde chegar, um lugar só meu onde podia entrar e sair a qualquer hora, por ter uma preciosidade chamada liberdade, era ter uma filha que em breve chegaria e me contaria as novidades de seu dia... minha folha branca era repleta de amigos, para os quais eu poderia ligar e até 'chorar' se quisesse, sem a menor dúvida de que eles estariam lá para me ouvir e enxugar as minhas lágrimas... ao ler o email, vi que muitas vezes não vejo a folha branca que é muito maior, ampla, repleta de espaço e ainda por cima, branca, o que a torna perfeita, uma vez que posso escrever, desenhar, pintar das cores que quiser, apenas por estar 'cega' e 'focada' no ponto e não no entorno!